Perguntas e respostas
Profissionais de saúde
Perguntas frequentes
Os Coronavírus
O que são os coronavírus?
Os coronavírus representam uma grande família viral causadora de doenças em seres humanos, o que é sabido desde a década de 1960. São vírus RNA envelopados, divididos em quatro gêneros: alfa, beta, delta e gama. Os gêneros alfa e beta são causadores de doenças em seres humanos. Importante ressaltar que as infecções por coronavírus são zoonóticas, ou seja, transmitidas entre animais e de animais para os seres humanos. Neste processo, o vírus sofre adaptações e mutações que o tornam capaz de circular entre seres humanos.
Por que recebem o nome de coronavírus?
O nome “coronavírus” se deve ao fato de a partícula viral se assemelhar a uma coroa que, em latim, chama-se corona.
Quais são os reservatórios dos coronavírus?
Os principais reservatórios de coronavírus são animais como morcegos, camelos, gatos e gado.
Quais as doenças causadas pelos coronavírus?
Os coronavírus são capazes de causar infecções respiratórias e gastrointestinais nos seres humanos. Considerando as infecções respiratórias, podem causar desde quadros leves, como o resfriado comum, até quadros graves como pneumonias e síndrome respiratória aguda grave.
O que é SARS-CoV-2?
SARS-CoV-2 é o nome dado ao coronavírus causador da pandemia atual, em substituição ao nome inicial que era 2019-nCoV. Usa-se o número “2” para diferenciá-lo do coronavírus causador da SARS de 2002/2003, denominado de SARS-CoV.
O que é COVID-19?
COVID-19 (Corona Virus Disease, 2019) é o nome dado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) à doença pandêmica atual causada pelo SARS-CoV-2.
Qual a origem da pandemia de COVID-19?
O primeiro caso de COVID-19 foi identificado em Wuhan, Província de Hubei, na China.
Quando foi diagnosticado o primeiro caso de COVID-19?
A descoberta do SARS-CoV-2, causador da COVID-19, ocorreu a partir da investigação de um surto de pneumonia na cidade de Wuhan, na China. Na ocasião, observou-se um número concentrado de casos entre familiares e entre trabalhadores da saúde que foram acometidos a partir dos casos iniciais da infecção. A identificação do primeiro caso de pneumonia com apresentação atípica e grave ocorreu em 08/12/2019, mas a primeira notificação ao órgão chinês de controle de doenças ocorreu em 27/12/2019. A OMS foi notificada pelo governo chinês em 31/12/2019 e declarou situação de pandemia em 11/03/2020, diante da escalada da doença em outros países.
Quais as epidemias recentes de maior importância causadas pelos coronavírus?
Afora a pandemia atual de COVID-19, houve a SARS (Severe Acute Respiratory Syndrome) em 2002/2003, também iniciada na China e causada por um beta coronavírus denominado de SARS-CoV. A transmissão para humanos ocorreu provavelmente a partir de civetas, que são pequenos mamíferos que vivem em florestas tropicais do sudeste asiático. Foram relatados cerca de 8.100 casos de SARS, com 24 países acometidos e 774 mortes (fatalidade de cerca de 10%). Além da SARS, houve em 2012 um surto de MERS (Middle East Respiratory Syndrome) que acometeu principalmente a Arábia Saudita. O causador da MERS também é um beta coronavírus denominado de MERS-CoV. No caso da MERS, a transmissão para humanos ocorreu provavelmente a partir de camelos. O surto de MERS é ainda considerado ativo, porém com transmissão bastante lentificada. Até novembro de 2019, haviam sido identificados 2.494 casos, com 858 mortes (fatalidade de cerca de 37%).
O SARS-CoV-2 já apresenta mutações genéticas?
À medida que o vírus se dissemina, ocorrem mutações devido à adaptação progressiva ao seu hospedeiro. Este é um processo natural e esperado. Entretanto, isto não significa que nesta pandemia teremos uma nova espécie viral ou que o desenvolvimento de vacina para o SARS-CoV-2 seja inviabilizado.
O que é pandemia?
Transmissão
Como o SARS-CoV-2 é transmitido entre seres humanos?
A transmissão do SARS-CoV-2 entre seres humanos acontece a partir de gotículas respiratórias, assim como ocorre com diversos outros vírus. Normalmente as gotículas atingem no máximo um metro de distância nos contatos habituais como, por exemplo, durante uma conversa. Porém, no caso de espirros ou tosse, podem atingir distâncias consideravelmente maiores, de alguns metros. É importante salientar que a transmissão a partir das mãos que tocam superfícies contaminadas pelas gotículas respiratórias do indivíduo doente parece ser a principal fonte de disseminação da infecção entre seres humanos.
Durante que período o indivíduo contaminado é capaz de transmitir o SARS-CoV-2?
Os mecanismos de transmissão do SAR-CoV-2 ainda estão sob investigação, mas as evidências atuais indicam que eles ocorram predominantemente durante o período de sintomas. Existem alguns dados preliminares que indicam que a transmissão pode ocorrer durante o período de incubação, ou seja, enquanto o indivíduo contaminado ainda está assintomático.
Qual é o período de incubação da COVID-19?
O período de incubação desta doença, ou seja, o período em que o indivíduo contaminado ainda se apresenta assintomático, é de 2 a 14 dias, com média de 5 dias.
Para quantos indivíduos, em média, uma pessoa contaminada transmite o SARS-CoV-2?
Sem as medidas de distanciamento social recomendadas, uma pessoa contaminada transmitirá o vírus para cerca de 2,5 pessoas, no período de cinco dias. Se reduzirmos a exposição social em 50%, uma pessoa contaminada transmitirá o vírus para cerca de 1,25 pessoas, no período de cinco dias. Se reduzirmos a exposição social em 75%, uma pessoa contaminada transmitirá o vírus para cerca de 0,65 pessoas, no período de cinco dias. Isso quer dizer que uma única pessoa contaminada, sem isolamento social, levará a cerca de 406 novos casos de COVID-19 ao final de 30 dias, mas se reduzirmos a exposição em 50%, este número será de 15 novos casos ao final de 30 dias. Já se reduzirmos a exposição em 75%, este número será de 2,5 casos ao final de 30 dias. A partir destes dados, fica bastante clara a importância do distanciamento social no controle da pandemia!
Manifestações Clínicas
Quais são as manifestações clínicas da COVID-19?
As manifestações clínicas mais frequentes da COVID-19 são febre, tosse seca ou pouco produtiva e dispneia. Alguns pacientes também podem apresentar congestão nasal, coriza, dor de garganta e mialgia. Existem relatos de pacientes que apresentaram sintomas gastrointestinais como náusea, vômito e diarreia, mas as manifestações são, predominantemente, respiratórias. Os casos mais graves podem evoluir com dispneia grave, insuficiência respiratória e injúria renal aguda.
Como diferenciar a COVID-19 da gripe ou do resfriado comum?
Pelos sinais e sintomas não é possível diferenciar, com segurança, a gripe ou o resfriado comum da COVID-19. A gripe e a COVID-19 podem apresentar características clínicas bastante semelhantes entre si como febre, tosse, coriza, falta de ar e até mesmo insuficiência respiratória. Portanto, o que diferencia as duas doenças é o tipo de vírus que as causou. Essa diferenciação pode ser feita através de critérios epidemiológicos e/ou através de exames laboratoriais específicos para a detecção do material genético do vírus em amostras respiratórias coletadas dos pacientes infectados.
A COVID-19 é grave?
Na primeira grande série de casos publicada sobre a COVID-19, com pacientes tratados na China, a doença foi leve em 81% dos casos, grave em 14% deles e gravíssima em 5%. De maneira geral, cerca de 15% dos pacientes com a doença irão precisar de internação hospitalar e 5 a 7% irão necessitar de tratamento no CTI.
Qual a taxa de mortalidade associada à COVID-19?
Se a taxa de mortalidade associada à COVID-19 não é tão elevada, qual o motivo da enorme preocupação e mobilização mundial para conter a disseminação do vírus?
Grupos de Risco
Quais são os grupos que apresentam maior chance de apresentarem quadros graves e maior taxa de mortalidade associada à COVID-19?
Os principais fatores de risco para uma evolução clínica desfavorável na COVID-19 são idade avançada e presença de comorbidades. Na maior série de casos publicada na China, com mais de 40.000 casos confirmados, a letalidade foi de 8% entre os pacientes com 70 a 79 anos e de 14% entre os pacientes com mais de 80 anos. Nesta mesma série, a mortalidade foi de 0% entre os pacientes com menos de 9 anos de idade. A presença de comorbidades como doenças cardiovasculares, diabetes, doenças respiratórias crônicas e câncer se associou ao maior risco de morte pela doença.
As grávidas representam grupo de risco na COVID-19?
Ainda não existem evidências científicas suficientes que nos esclareça sobre o comportamento do SARS-CoV-2 na população de gestantes e nos fetos. Entretanto, tem sido orientado que o isolamento das gestantes seja mais rigoroso e que, caso apresentem quadro respiratório suspeito, sejam abordadas como população de risco.
Definição de casos
O que é considerado um caso suspeito de COVID-19?
O que é considerado um caso provável de COVID-19?
Atualmente, no Brasil, é considerado um caso provável de COVID-19 uma pessoa que, nos últimos 14 dias, resida ou trabalhe com caso suspeito ou confirmado para COVID-19 E apresente febre (mesmo que apenas referida) OU pelo menos a presença de um sinal ou sintoma respiratório (tosse, dificuldade para respirar, produção de escarro, congestão nasal ou conjuntival, dificuldade para deglutir, dor de garganta, coriza, saturação de O2 em ar ambiente inferior a 95%, sinais de cianose, batimento de asa de nariz, tiragem intercostal) OU apresente outros sinais e sintomas inespecíficos (fadiga, mialgia/artralgia, dor de cabeça, calafrios, gânglios linfáticos aumentados, diarreia, náusea, vômito, desidratação, inapetência).
O que é considerado um caso confirmado de COVID-19?
O que é considerado um caso descartado de COVID-19?
O que é considerado um caso excluído de COVID-19?
Diante do aumento de registros na base de dados do FormSUS2, são classificados atualmente no Brasil como casos excluídos aqueles que apresentarem duplicidade de registros OU que não se enquadrem em uma das definições de caso acima descritas.
O que é considerado um caso curado de COVID-19?
Diagnóstico
Como é realizado o diagnóstico de COVID-19?
Quais os laboratorios públicos de referência para a realização dos testes confirmatórios para a COVID-19?
Os Laboratórios Centrais de Saúde Pública (LACEN) dos 26 estados e do Distrito Federal estão aptos, desde 18/03/2020, a realizarem exames diagnósticos para a COVID-19 como parte do esforço da Saúde no enfrentamento à doença. A medida é importante porque descentraliza o diagnóstico da doença para todo o país. Em Minas Gerais, o laboratório de referência é o da Fundação Ezequiel Dias (FUNED), que recebe amostras todos os dias de 8:00 as 16:00h.
Quais casos devem ser notificados?
Todos os casos, suspeitos ou confirmados, devem ser registrados pelos serviços de saúde públicos e privados, por meio do formulário eletrônico disponível no endereço http://bit.ly/notificaCOVID19, dentro das primeiras 24 horas de atendimento do paciente.
Quais os testes laboratoriais para COVID-19 disponíveis no Brasil?
Existem dois tipos de testes laboratoriais para COVID-19 disponíveis no Brasil: os testes moleculares, conhecidos por RT-PCR (Real Time- Polymerase Reaction Chain), e os testes sorológicos que podem ser realizados a partir de diferentes técnicas como ELISA, imunoflorescência, quimioluminescência e imunocromatografia. Há mais de 60 testes para COVID-19 já registrados pela Anvisa no Brasil, sendo a maior parte deles de testes sorológicos.
Qual o teste laboratorial considerado como padrão-ouro para o diagnóstico de COVID-19?
O teste considerado padrão-ouro para o diagnóstico de COVID-19 é, segundo a OMS, o teste molecular, conhecido como RT-PCR (Real Time- Polymerase Reaction Chain). Este teste é capaz de detectar o material genético do vírus (RNA viral) em amostras coletadas das vias aéreas superiores e/ou inferiores de pacientes com quadros suspeitos.
Quais amostras biológicas são utilizadas para realização dos testes de COVID-19?
Para a realização dos testes moleculares (RT-PCR), utiliza-se amostras coletadas das vias respiratórias superiores (swabs de orofaringe e/ou nasofaringe) e/ou inferiores (escarro, aspirado traqueal, lavado bronco-alveolar) de pacientes com quadro clínico suspeito. Os testes realizados com amostras coletadas de trato respiratório inferior apresentam maior taxa de positividade entre os indivíduos doentes, quando comparadas com amostras coletadas do trato respiratório superior. Para a realização dos testes sorológicos, independentemente da técnica utilizada, utiliza-se o sangue, plasma ou soro.
O que são testes rápidos para COVID-19?
Os testes rápidos são os testes sorológicos realizados por meio da técnica de imunocromatografia e que conseguem detectar a presença de anticorpos IgG e IgM contra o SARS-CoV-2 no sangue do paciente. Existem testes rápidos que não fazem a distinção entre IgG e IgM e testes que fazem a leitura destes dois tipos de anticorpos de maneira independente. Ambos os testes, desde que validados pelos órgãos nacionais de controle, podem ser utilizados neste contexto. O resultados de tais testes podem ser liberados em um prazo de 15 a 30 minutos e, embora não necessitem de nenhum equipamento especial para sua realização, devem ser sempre executados e interpretados por um profissional habilitado, sendo contra-indicada a sua realização pelo próprio paciente, sem a supervisão de um técnico responsável. Os testes em domicílio podem ser realizados, desde que executados por profissional legalmente habilitado, vinculado a um laboratório clínico, posto de coleta ou serviço de saúde pública ambulatorial ou hospitalar.
Após quanto tempo do início dos sintomas os testes sorológicos podem ser realizados?
Os testes sorológicos detectam a presença de anticorpos (IgG e IgM) que o organismo produz quando entra em contato com um invasor. Contudo, o desenvolvimento da resposta imune com produção de anticorpos contra um agente específico pode ser dependente do hospedeiro e levar tempo. No caso de SARS-CoV-2, estudos sugerem que a maioria dos pacientes se converte entre 7 e 11 dias após a exposição ao vírus, embora alguns pacientes possam desenvolver anticorpos mais cedo. Sendo assim, recomenda-se que os testes sorológicos, independentemente da técnica de realização, só devam ser solicitados a partir do oitavo dia de aparecimento dos sintomas. Antes deste período, a taxa de resultados falso-negativos é bastante elevada.
Os testes rápidos podem ser utilizados para confirmar ou descartar o diagnóstico de COVID-19?
Não. Os testes rápidos (IgG/IgM) NÃO tem função de confirmar ou descartar infecção aguda pelo SARS-CoV-2. O diagnóstico laboratorial confirmatório do quadro de infecção aguda é feito pelos testes moleculares (RT-PCR). Além disso, como a sensibilidade dos testes rápidos é relativamente baixa, um resultado negativo não é capaz de excluir um quadro atual ou prévio de infecção pelo SARS-CoV-2 e não deve ser utilizado para subsidiar a decisão de liberação do isolamento do paciente com síndrome gripal. Por outro lado, um teste positivo também não garante que a fase de infecção aguda já tenha passado e que o paciente esteja imune contra a doença. Por isso, o resultado positivo também não deve subsidiar decisões de afrouxamento das medidas restritivas de contato social.
Qual a aplicabilidade dos testes rápidos?
Os testes rápidos (IgG/IgM) NÃO tem função de confirmar ou descartar infecção aguda pelo SARS-CoV-2. Os testes rápidos tem relevante utilização no mapeamento do status imunológico de uma população. Como a disponibilidade dos testes confirmatórios de doença aguda (RT-PCR) é menor, tem se utilizado mais amplamente os testes rápidos na prática clínica. Entretanto, deve-se utilizar o resultado de tais testes com cautela, lembrando-se que tanto resultados positivos ou negativos não devem influenciar a decisão do profissional de saúde sobre a necessidade ou não de manter isolamento social do paciente com síndrome gripal. Além disso, devemos ressaltar que a recomendação atual é de que os testes rápidos sejam realizados apenas na população sintomática, com síndrome gripal. Além disso, devemos ressaltar que a recomendação atual é de que os testes sejam realizados apenas em indivíduos sintomáticos.
Qual a acurácia dos testes moleculares (RT-PCR) para COVID-19?
O teste de polymerase chain reaction em tempo real (RT-PCR) para identificação de SARS-CoV-2 é um teste de elevada sensibilidade e especificidade, ainda que os doentes com maior carga viral tenham maior probabilidade de apresentarem um teste positivo, quando comparados aos pacientes com baixa carga viral. Quando realizados em fase muito precoce ou tardia da doença, podem apresentar resultados falso-negativos. Assim sendo, um resultado negativo do teste molecular em um paciente com síndrome gripal não é suficiente para descartar o diagnóstico de infecção e o profissional de saúde deverá considerar repeti-lo posteriormente naquele paciente em que o diagnóstico de COVID-19 continua sendo aventado. Os testes moleculares baseados em RNA exigem instalações laboratoriais específicas, com níveis restritos de biossegurança e técnica.
Qual a acurácia dos testes sorológicos aprovados no Brasil para COVID-19?
A detecção de IgG em um teste sorológico indica que o paciente em questão está imune contra a COVID-19?
Mesmo que os anticorpos do tipo IgG sejam produzidos mais tardiamente, a interpretação isolada da presença deste anticorpo em um teste sorológico não assegura que o paciente não tenha mais infecção ativa e, mesmo que não a tenha, também não assegura que haja imunidade permanente contra o SARS-CoV-2. Além disso, pode se tratar se um resultado de IgG falso-positivo, com detecção de anticorpos contra outros tipos de coravírus que possam, porventura, ter infectado o paciente em questão.
Tratamento
Existe tratamento para eliminar o coronavírus?
Até o presente momento não. Os tratamentos que têm sido divulgados pela mídia ainda são experimentais e não temos evidências suficientes de que eles realmente funcionem. Além disso, o uso inapropriado de tais tratamentos pode causar efeitos deletérios ao doente e, por isso, não deve ser encorajado. O tratamento do coronavírus é, até o presente momento, suportivo. A grande maioria dos casos deverá ser tratada em seu próprio domicílio, com repouso, uso de medicações para a febre, hidratação e alimentação adequada.
O interferon é um tratamento contra o coronavírus?
Até o presente momento, não existe tratamento comprovadamente eficaz contra o coronavírus. Não existem evidências científicas suficientes que nos confirme que o interferon seja uma medicação eficaz neste contexto. Esta medicação ainda está sendo testada e não deve fazer parte do protocolo de rotina para o tratamento de pessoas infectadas. Além disso, esta medicação possui muitos efeitos que podem ser, inclusive, mais deletérios do que benéficos. Temos que aguardar os resultados de novos estudos, que já estão sendo realizados, para avaliarmos se esta medicação será incorporada ao tratamento destes doentes.
Os antirretrovirais são tratamentos eficazes contra o coronavírus?
Até o presente momento, não existe tratamento comprovadamente eficaz contra o coronavírus. Não existem evidências científicas suficientes que nos confirme que os antirretrovirais, que são medicações utilizadas no tratamento de pessoas infectadas pelo HIV, sejam eficazes contra o coronavírus. Estas medicações ainda estão sendo testadas e não devem fazer parte do protocolo de rotina para o tratamento de pessoas infectadas. Temos que aguardar os resultados de novos estudos, que já estão sendo realizados, para avaliarmos se estas medicações serão incorporadas ao tratamento destes doentes.
A cloroquina e a hidroxicloroquina são tratamentos eficazes contra o coronavírus?
Até o presente momento, não existe tratamento comprovadamente eficaz contra o coronavírus. Não existem evidências científicas suficientes que nos confirme que a cloroquina ou a hidroxicloroquina sejam medicações eficazes neste contexto. Estas medicações ainda estão sendo testadas e não devem fazer parte do protocolo de rotina para o tratamento de pessoas infectadas. Tais medicações possuem muitos efeitos que podem ser, inclusive, mais deletérios do que benéficos para estes pacientes. Temos que aguardar os resultados de novos estudos, que já estão sendo realizados, para avaliarmos se esta medicação será incorporada ao tratamento destes doentes. Além disso, estas medicações são indispensáveis ao tratamento de pessoas com lúpus e malária. Por isso, não devemos comprar essas medicações na farmácia com medo da infecção pelo coronavírus, pois podem faltar para os doentes que realmente precisam dela.
A vitamina D é um tratamento eficaz contra o coronavírus?
Até o presente momento, não existe tratamento comprovadamente eficaz contra o coronavírus. Não existem evidências científicas suficientes que nos confirme que a vitamina D seja uma medicação eficaz neste contexto.
Comer alho ajuda a evitar a infecção pelo coronavírus?
O alho apresenta propriedades antimicrobianas, porém não existem quaisquer evidências científicas de que este alimento possa evitar a infecção pelo coronavírus.
Uma pessoa que esteja com infecção suspeita ou confirmada por coronavírus pode usar ibuprofeno?
O ibuprofeno é um tipo de anti-inflamatório utilizado para alívio da febre e de dores. Houve uma recomendação inicial, por parte da OMS, de que as pessoas com infecção suspeita ou confirmada pelo coronavírus não fizessem uso de medicações que contivessem ibuprofeno em sua fórmula. Entretanto, em publicação mais recente, a OMS refez sua observação e disse o seguinte: “após uma rápida revisão da literatura, a OMS não está ciente dos dados clínicos ou de base populacional publicados sobre esse tópico (...) Não temos conhecimento de relatos de efeitos negativos do ibuprofeno, além dos efeitos colaterais conhecidos usuais que limitam seu uso em determinadas populações”. Apesar disso, o Ministério da Saúde do Brasil segue recomendando que outros remédios sejam priorizados no tratamento da doença. Em publicação em uma rede social em 19/03/2020, a pasta afirmou que, por precaução, recomenda a substituição do ibuprofeno por outros analgésicos.
Deve ser avaliada a modificação da prescrição anti-hipertensiva do meu paciente?
Um estudo científico publicado recentemente levantou a hipótese de que alguns medicamentos utilizados no tratamento da hipertensão, como os iECA (ex: captopril, enalapril) e os BRA (ex: losartana), estão associados a uma elevação da taxa de mortalidade pelo coronavírus. Entretanto, as evidências científicas a este respeito ainda são questionáveis e os pacientes em uso de tais medicações não devem suspender o seu uso, a não ser por orientação médica. A suspensão do uso destas medicações pode ser mais deletéria do que benéfica para a maioria dos pacientes.
A dexametasona é um tratamento eficaz contra o coronavírus?
Existe vacina para o SARS-CoV-2?
Até o presente momento não. Entretanto, vários laboratórios ao redor do mundo têm empenhado esforços para desenvolver, testar, produzir e distribuir a vacina. Não existem expectativas, em curto prazo (dias ou semanas), de que a vacina esteja liberada para uso pela população.
A vacina de gripe protege contra a COVID-19?
Não. A vacina anual para a gripe não possui qualquer efeito protetor contra o coronavírus. Entretanto, esta vacina possui efeito contra os principais vírus causadores da gripe e deve ser utilizada pelos grupos recomendados.
A ivermectina é um tratamento eficaz contra o coronavírus?
Até o presente momento, não existe tratamento comprovadamente eficaz para a COVID-19. Não existem evidências científicas suficientes que nos confirme que a ivermectina seja uma medicação eficaz neste contexto. Esta medicação ainda está sendo testada e não deve fazer parte do protocolo de rotina para o tratamento de pessoas infectadas. Além disso, esta medicação possui muitos efeitos que podem ser, inclusive, mais deletérios do que benéficos. Temos que aguardar os resultados de novos estudos, que já estão sendo realizados, para avaliarmos se esta medicação será incorporada ao tratamento destes doentes.
Quais são os possíveis efeitos colaterais associados à utilização da cloroquina e da hidroxicloroquina para a prevenção ou tratamento de pacientes com COVID-19?
As evidências científicas atuais indicam que tanto a cloroquina quanto a hidroxicloroquina não constituem tratamento eficaz ou seguro para pacientes com COVID-19, independentemente da fase da doença. Existem efeitos colaterais potencialmente graves associados ao uso de tais medicações, principalmente quando utilizadas em conjunto a outros fármacos, como a azitromicina. Os principias efeitos descritos são prolongamento do intervalo QT e arritmias ventriculares que podem, inclusive, levar ao óbito do paciente. O paciente que, porventura, estiver em uso de algum destes fármacos para o tratamento de COVID-19 deverá ser adequadamente monitorado, do ponto de vista cardiológico, pela equipe de saúde responsável.
Quais são os possíveis efeitos colaterais associados à utilização da ivermectina para a prevenção ou tratamento de pacientes com COVID-19?
Até o presente momento, não dispomos de evidências científicas que indiquem que a ivermectina seja eficaz ou segura para prevenção ou tratamento de pacientes com COVID-19. Os efeitos colaterais mais comuns associados aos uso de tal medicação são diarreia e náusea, astenia, dor abdominal, anorexia, constipação, vômitos, tontura, sonolência, vertigem, tremor, prurido, erupções cutâneas e urticária.
Autocuidado e bem-estar psicológico
Quais são os possíveis impactos da pandemia sobre a saúde psicológica dos profissionais de saúde?
A pandemia pelo coronavírus impôs novas demandas de organização da sociedade e fez emergir um cenário de incertezas, ansiedade, raiva, depressão, estresse, além de outras situações relacionadas à saúde mental de toda a população. Trabalhadores da área da saúde, crianças, idosos e pessoas com doenças crônicas podem ser grupos especialmente mais sensíveis, e necessitar de diferentes tipos de assistência, incluindo apoio psicossocial. Os profissionais de saúde enfrentam o desafio de, simultaneamente, lidarem com suas próprias questões emocionais e atenderem à população em sofrimento psicológico.
O que pode contribuir para o bem-estar geral e a saúde psicológica dos profissionais?
Mesmo profissionais não especialistas em saúde mental podem fornecer apoio psicológico à população?
Os profissionais não especialistas em saúde mental podem ter um papel preponderante como fonte de amparo e conforto para a população. Investir no seu próprio autocuidado físico e emocional é fundamental para que o profissional possa fazer a diferença para si e para os outros. A figura a seguir (IASC - Inter Agency Standing Committee) ilustra a recomendação de um sistema de suporte em saúde mental dividido em níveis de apoio, que são escalonados e em estrutura piramidal: a proposta é de que apenas uma minoria de casos necessite de atenção especializada.
Como lidar com a situação de profissionais que sofram discriminação por temores de contaminação?
É importante sempre seguir as normas de biossegurança e tentar explicá-las aos seus familiares. Porém, o medo pode gerar reações adversas e alguns agentes de saúde podem estar sendo evitados pela família ou outras pessoas próximas por estigmas e pelo medo de contaminação. Isso torna ainda mais desafiadora a situação que já enfrentam. Se ocorrer com você, procure colegas, supervisores e pessoas de sua confiança para receber apoio social. Talvez descubra que outros estão tendo experiências semelhantes às suas. Se possível, continue conectado com entes queridos, mesmo que virtualmente.
Que atitudes podem ser adotadas por profissionais no ambiente de trabalho durante a pandemia para reduzir o nível de estresse individual?
Que ações são recomendáveis para gestores, líderes de equipes e supervisores dos serviços de saúde durante a pandemia?
O que pode contribuir para o sucesso de ações relacionadas à saúde mental e apoio psicossocial durante a pandemia?